segunda-feira, 4 de maio de 2015

Mármore

Quando terminar o mês de maio
E tua face repousar sobre a minha
Quando os mundos estiverem alinhados e demorar pra anoitecer
Quando às 5 da manhã o sol resolver se exibir, cheio de charme e arrogância
Quando a linha tênue que separa seu sorriso de uma nebulosa se quebrar
Quando a maçã for mordida e o primeiro pecado ser cometido
Quando os ventos de maio roçarem ríspidos, impetuosos ou suaves na sua orelha
Quando seus cabelos castanhos ou cor de carvalho me disserem que ainda temos tempo
Quando minha péssima escrita poética deixar de ser tão evidente
Quando todos os clichês se destilarem em meio a padrões constantes de demonstrações de afeto
Quando a pequenez da minha alma se revelar diante da grandiosidade da sua
Quando a metalinguagem não fizer mais diferença
Quando todos os advérbios, pronomes e adjetivos perderem o sentido
E não forem suficientes para te descrever
Quando eu aprender a falar a língua dos anjos (ou a sua)
Quando todas as vogais abertas, fechadas & redondas se unirem
Quando todas as rimas toantes e consoantes, alternadas e paralelas, raras e preciosas, ricas e pobres conseguirem coexistir dentro de uma mesma escala métrica
Quando eu beijar as tuas mãos brancas e em seguida emparelhar tuas bochechas com as minhas
Quando eu puder herdar o teu sobrenome (ou muito antes disso)
Quando não restar mais dúvida de que podemos pertencer um ao outro
Quando o tempo resolver me lembrar de todos os substantivos
Quando a porta da frente bater forte e eu perceber que você chegou
Quando a última brisa do outono soprar os polens em minha direção, me fazendo sentir o cheiro delicado da tua juventude
Quando todos os cometas passarem revelando o melhor de nós, me deixando apenas com a essência de sua magnitude
Quando todo o mau agouro se desmanchar em meio à radiação cósmica
Quando as estrelas decidirem por si só que já é hora de você me deixar habitar à tua luz
Quando eu puder correr ao teu encontro
E sentir você me envolver no seu abraço
Quando os sete mares se unirem e todos os continentes emergirem de maneira unilateral
Quando todas as leis da física puderem ser explicadas de um jeito que faça sentido só para nós dois
Quando os meus olhos marejarem levemente depois de um beijo teu (imaginário)
Quando tua boca encostar no meu nariz gelado
Quando o caminho da tua casa se estender feito um tapete em minha direção
Quando não houver mais memória pra tanta foto no meu celular
Quando todos os momentos que nunca foram registrados em fotos se tornarem eternos
Quando tua pele alva se confundir com a minha e seus olhos puderem vislumbrar todas as estações que ainda estão por vir

Quando no início do outono você acordar nos meus braços e abrir os olhos, entregarei todos os oceanos nas tuas mãos e direi que te amo.