parte I - Prólogo: Sobre Te Querer
Há
1 ano atrás eu me encontrava em estado lastimável
Completamente
sem foco, sem direção, sem objetivo
Aí
veio o edital, a inscrição, a prova
O
resultado, o medo, a preguiça, a ansiedade,
a
matrícula, você, a faculdade, o mundo novo,
Você
de novo.
Eu
nunca soube lidar muito bem com princípios, com mudanças
Sempre
tive medo de sair desse pequeno invólucro lamentável
Que
construí para tentar preencher o vazio e fugir um pouco
Da
minha rotina degradante, além de alimentar a falsa
Sensação
e ilusão de que tenho controle sobre minha vida
Também
nunca fui muito bom de rima/ de dar passos importantes
Nunca
tomei curso de métrica
Mas
sentimento é coisa séria
E
precisamos escolher com sabedoria
as
palavras que irão representá-los.
Parece
que foi ontem que estávamos
Sentados
num daqueles bancos
Quando
você me olhou cheia de si e disse que eu falo muita merda
E
que meus exageros são divertidos
Ou
sobre as inúmeras outras vezes
Em
que você me mandou falar baixo
Fazendo
questão de me humilhar e enaltecer
O
meu exímio talento de abrir a boca pra falar besteira
Ou
da vez que você me mandou - com rispidez -
parar
de te mandar mensagens, por causa dos fatores externos
E
depois veio desesperada se redimindo
Como
se o seu comportamento tivesse me deixado magoado
Ou
daquela vez em que eu – cheio
de intenções - te vi
caminhando apressadamente
Com
tuas passadas sincrônicas e formosas
Dentro
daquele auditório fechado
Poluído
de gente mal intencionada
Segurando
aquela sua saia enorme de cair
Prestes
a me apunhalar impiedosamente no peito
Minutos
antes de assinar o
meu atestado de óbito
Mesmo
sem saber
Foi
aí que eu chorei
Feito
um matuto ao ver o Mar pela primeira vez
E
você não precisou alimentar nada em mim
Nem
tentou me alcançar, apenas me seduziu
E
eu me apaixonei dentro daquele auditório fechado.
Como
as coisas podem mudar tanto em tão pouco tempo?
parte II - Insurgência: Sobre Te
Esperar
Houve
um corte temporal.
Sentado
naquele banco contigo
Com
a paisagem celestial nos escoltando lá do alto
Eu
olhava com desprezo e inquietação
Para
todos os ônibus que passavam
Desejando
que o seu demorasse uma eternidade
Para
que eu pudesse ficar mais um tempo com você
Me
perdendo no seu sorriso
Nas
curvas do seu corpo imaculado
Contemplando
seus cachos
Suas
pernas grossas
Sua
cintura fina
Seu
olhar perscrutador, castanho e oblíquo
Como
se estivesse tentando descortinar minha agonia
Para
que ainda me sobrasse tempo de te falar mais algumas besteiras
E
te fazer mais propostas indecentes
Antes
de você ir embora e levar meu coração contigo
Pois
mais cedo ou mais tarde o seu ônibus passaria
E
seguiria implacável rumo à cidade
Me
distanciando do teu corpo modelado
Pelos
próprios deuses
Feito
um artefato sagrado e inviolável
Adornado
de doçura & proporcional à sua idade
Em
que eu sempre faço questão de tocar
Mesmo
sem saber até aonde eu posso tocar
Mas
eu preciso
Nem
que seja apenas para beijar as suas mãos mornas de ternura
Que
é pra ver se você se descontrola
Esquece
um pouco da razão
E
seja minha por apenas alguns segundos.
Reduto
de toda a beleza
Aurora
de todo sentimento
Minha
história contínua
Caminho
não percorrido,
Você
sempre leva meu coração embora contigo
Quando
entra naquele ônibus
E
eu tento sintonizar a cabeça com o coração
Afastar
a melancolia que volta quando você vai embora
Fingir
que está tudo bem
E
aí você se despede e me recomenda
de
maneira serena, sincera, porém quase debochada e presunçosa:
“Não
chore não, viu?”
Como
se estivesse antecipando o meu pranto
Mas
logo me sinto privilegiado/ envaidecido
Quando
leio esses teus versos vespertinos
E
me sinto honrado ao ler
Todas
as coisas simples e lindas
Que
você escreve com sentimentos reais
Mesmo
quando você teima em se enganar
Usando
a mesma desculpa esfarrapada de sempre
De
que é só o “personagem” (até parece)
Às
vezes eu me pego nesses momentos de fragilidade emocional
E
me sinto um pouco ridículo
Quando
tento transformar o Sol numa bússola
Que
aponta pra uma só direção
Que
me norteia pra perto de ti
Com
a incerteza de que você vai estar lá para me receber
Ou
quando deito a cabeça sobre minhas mãos no travesseiro
E
você aparece de ousada nos meus sonhos
Sem
ser convidada
Mas
logo acordo novamente
E
conto até 10 para abrir os olhos
Na
esperança de que você esteja lá
Para
me presentear com o seu jeito meigo e adorável
de
sentenciar: “você é doido, Marcus!”
E
aí eu percebo o quanto eu sou patético:
Quando
tento adivinhar com qual roupa
Você
está vestida neste momento enquanto está lendo isso
E
se o seu cabelo estará preso ou solto
Dançando
deliciosamente com o vento
Na
próxima vez que eu te encontrar.
Te
esperarei...
De
novo.
parte III - Apoteose: Sobre Te Perder
Outro
corte no tempo
Não
sei se você percebeu,
Mas
meu cérebro trabalha de maneira incrivelmente curiosa.
A
essa altura do campeonato
Eu
já estou acostumado com esses versos alcalinos e corrosivos
Anestesiado
pela saudade
Que
castiga meu peito violentamente quando você ta longe
E
o tempo é um algoz que passa rastejando impiedosamente
nesses momentos
Os
ponteiros no relógio se petrificam
Acelerando
ainda mais a minha inquietação/ minha angústia/
minha
ansiedade/ meu medo
E
o jogo permanece no zero a zero
Pois
não houve gol nem pelo impedimento.
Parece
que foi ontem que estávamos sentados num daqueles bancos
E
você me contava despretensiosamente
Sobre
seus planos para o futuro
Enquanto
eu ouvia com atenção
E
tentava sorver teu cheiro para dentro de mim
E
disse também que tinha medo de arriscar
De
trocar o certo pelo duvidoso
E
perceber depois que foi uma má decisão
Mesmo
sabendo que amanhã vai ser melhor que
hoje
E
que eu me apaixonaria por você todos os dias.
Você
insiste em dizer
Que
nós somos diferentes
Sem
notar a graça da diferença
Que
os diferentes se complementam
Afinal, “o erro é onde a sorte está”,
Como
diria um sábio contemporâneo
E
eu prefiro ser otimista e acreditar que a gente vai se vê logo
Pois tudo tem um lado bom
E esse otimismo eu herdei de você
Herança
espiritual, não genética
Assim
como eu queria absorver também sua boniteza
Cobrir
de amor a sombra do medo que
persegue seus passos
Beber
das águas cristalinas de tuas
nuvens carregadas de saudade
Mergulhar
fundo no rio de suas palavras
E
me esconder com você nesse lugar
escuro
Onde
mais nada nem ninguém importa
Que
é onde você se mostra crua
& sincera
Nua e, talvez, minha
Também
aprendi a ser meio fofo com você
Daqui
a pouco eu desembesto a chamar os outros pelo diminutivo
(a
propósito, não sei se você sabe mas eu me sinto ridículo quando chamo seu nome daquela forma abreviada)
E
além de tudo isso
Ainda
tento me livrar de algumas de suas
manias
irritantes
Como
aquela de emendar
Minhas
falas com alguma música
Agora,
qualquer coisa que alguém fala aqui em casa
Eu
me lembro de uma canção, que me lembra você
Que
me faz perceber que você ta longe
E
que eu virei refém não só dos seus encantos
Mas,
também, das suas manias insuportáveis.
Desculpa
por ter te tirado a plenitude
Por
ter subvertido sua paz
Peço
perdão por ter bagunçado as
meias na sua gaveta
Justo
agora quando você pensou que finalmente
Encontraria
o equilíbrio com os fatores externos...
Na
verdade, eu não me desculpo porra nenhuma
Pois
tenho coisas mais importantes para me preocupar
Como
tentar lembrar a cor do vestido que
você
tava usando no dia em que anunciou sua existência
Naquele
auditório fechado.
parte IV - Redenção: Sobre As Coisas Não Ditas
Um
terceiro corte no tempo, voltamos pro banco.
Adoro
quando a luz fraca do poste cai sobre tua face
Permitindo-me
desfrutar de todas as infinitas nuances do seu sorriso
Porra,
você fica tão irresistível sob a luz rala
que
paira sobre aquele banco...
Aí
você começa a falar, a se queixar da vida
De
como sua mãe, super protetora, pega no seu pé
De
como ela te vê inchada nas fotos
De
como você não gosta de ficar
De
cara fechada no meio de gente
Mesmo
quando você tá triste
De
como você acha bonito e ao mesmo tempo estranho
Quando
eu falo seu nome
De
como você riu e dançou até cair no chão
Ouvindo
um CD velho que eu te dei
Só
pra ter uma desculpa pra falar com você de novo
De
como você provavelmente faria alguma merda
E
me beijaria sem culpa
Se
não estivesse atrelada aos fatores externos
E
é nesse momento que eu te olho reflexivo
Me
perco no teu olhar fundo, porém cintilante
Vejo
o jeito como você sorri, me mostrando seu mundo
E
me fazendo sentir parte dele
Entro
em êxtase emocional e percebo
a
alegria crescendo no meu peito
Só
por estar mais uma vez ao seu lado
E
o resto me escapa da memória
Porque
você tem esse dom de me tirar a atenção
De proscrever minha frustração
De
me embriagar com sua voz doce e melodiosa de veludo
De
me inebriar com a sua beleza rarefeita/ rústica/
enigmática/
submarina
E
me distrai com seu sorriso fácil/ doce/ pueril/ profético/ apaixonante
Fazendo-me
sentir protegido contra as maldades do mundo
E
imune às intenções espúrias de alguns delinquentes sórdidos
Que
insistem em vomitar clichês e julgar-nos por motivos fúteis
Mas,
por mais sábios que eles tentem
parecer
com seus conselhos torpes e falaciosos,
Eles
sempre serão falhos
Pois
eles não têm ideia da real dimensão das coisas.
Quantos
versos mais eu vou ter que escrever/
Por
mais quantas noites eu vou ter que me perder
Pra
tentar encontrar a frase que traduza de maneira
impecável
o que eu sinto por você?
Espero
que o tempo seja benevolente dessa vez
Pois
eu nunca vi gente como eu realizar sonhos.
parte V - Epílogo: Meu Infinito Atual
Eu queria ter o passe livre
Pra te encher de carinho
Te
afagar até você se acalmar e dormir quando precisasse
Te
ninar feito uma boneca de pano frágil
E
te segurar no meu colo
Com
a dedicação que você merece
Com
a delicadeza que teu corpo pede, para não te deixar quebrar
Te
cercar de cuidados, saciar seus desejos
Seus
fetiches, suas vaidades
Fitar
tua boca se fechando em direção à minha
Seus
lábios morenos percorrendo meu corpo
Só
pra ver o Sol nascer no meu peito mais uma vez
E
se pôr no seu rosto, depois das seis.
Enfim,
fazer todas essas coisas de gente abestalhada e patética
Até
o fim dos tempos, se você quisesse
Ou
pelo menos até o fim do inverno
Onde
você amanheceria do meu lado
Percebendo
que era só coisa de momento
E
teus olhos se abririam lentamente
Para
que eu pudesse te contar um segredo:
Você é a criatura mais linda que eu conheci nos últimos 245 dias.
Eu queria ter o passe livre
Pra te encher de carinho
Te
afagar até você se acalmar e dormir quando precisasse
Te
ninar feito uma boneca de pano frágil
E
te segurar no meu colo
Com
a dedicação que você merece
Com
a delicadeza que teu corpo pede, para não te deixar quebrar
Te
cercar de cuidados, saciar seus desejos
Seus
fetiches, suas vaidades
Fitar
tua boca se fechando em direção à minha
Seus
lábios morenos percorrendo meu corpo
Só
pra ver o Sol nascer no meu peito mais uma vez
E
se pôr no seu rosto, depois das seis.
Enfim,
fazer todas essas coisas de gente abestalhada e patética
Até
o fim dos tempos, se você quisesse
Ou
pelo menos até o fim do inverno
Onde
você amanheceria do meu lado
Percebendo
que era só coisa de momento
E
teus olhos se abririam lentamente
Para
que eu pudesse te contar um segredo:
Você é a criatura mais linda que eu conheci nos últimos 245 dias.
Você é a criatura mais linda que eu conheci nos últimos 245 dias.
Quem diria que você, bem lá no fundo, tem uma escrita tão cativante e sensacional. Parabéns vei, sensível como batida de um navio. haha <3
ResponderExcluirOra ora ora mas que o sorriso sensacional hmmm que maravilha hmmm beleza pura hmmm mas que delícia cara que surpresa agradável você por aqui, finalmente desfrutando dos prazeres romântico-sexxuais disponibilizados dentro do submundo espúrio, enigmático e obscuro do blogger.
ResponderExcluirPorra, confesso que extrapolei um pouco os limites permitidos para a extensão do texto, mas esse eu tive que dar uma esticada pra ficar proporcional ao tamanho da minha frustração, da minha agonia, da minha saudade e da minha viadagem kkkkk.
Mas é uma honra ler esse comentário vindo dessa pessoa ora cretina ora carinhosa que é você kkk. Afinal, como diria um meliante aí "tô aqui pra se exalar meus amores inacabados e chorar uma vida onde nada vai dar certo no final".