quarta-feira, 4 de maio de 2011

Surto

Depois de me olhar no espelho, bate três vezes na mesma tecla
E me olha torto, com cara de quem não quer deixar passar meu silêncio
Porque mais vale um pássaro na mão do que um coração na estante
E cada passo em direção ao equilíbrio,
É insanidade derramada nas vestes
Sem cuspir ou atear palavra à realidade crua, não há olhar
Ou piscadela mais doce que vai te refrear
E, quem sabe, desviar seu guidão pra outra direção -------------------- calou-se por um minuto
O próximo instante foi silêncio, e o outro também
Irresistivelmente deixei a ideia do seu desarme me incrustar a cabeça
Nova, mas calejada
Aí saiu de casa, caminhando e destilando charme a cada passada: apressada
Como quem espera findar sua peregrinação com uma bela taça de vinho
Abaixei, peguei pedras e joguei
E por mais que todas elas batessem com estrépito, você não iria acordar, seu vidro não iria quebrar
Meti-me em desespero
Olhava de um lado para o outro: silêncio
Fui de encontro a ele
Me pus a sentar, na beira de um passeio
Passeei sobre meus pensamentos, nenhuma outra ideia genial me veio a mente
Minha cabeça caiu, meu braço direito se esticou: outra pedra
Essa foi decisiva, extinguiu minha paciente espera
Mais um sussurro e meus lábios não iriam mais aguentar
Então, o vento bateu e foi embora, só pra alertar o perigo de permanecer calado
A fúria atroz - quase catastrófica - pelo medo, finalmente amarrou-me aos trilhos
Agora a decisão era uma e minha: deixar o trem passar e me ausentar desse mundo
Depois rastejaram até aqui mais duas possíveis escolhas:
Ou lhe acariciar a espera, ou assumir de vez meu lado terremoto, mas sereno

Venha como tu és: bela, sem maquiagem, trocando os "quês" e os pés
Me perguntando porque eu ando tão reticênico e tal.